Alertas do Serviço de Património Cultural da Câmara de Esposende levaram a trabalhos arqueológicos de urgência para resgatar canhões de bronze de embarcação na área do naufrágio de Belinho.
O município de Esposende recuperou do fundo do mar, ao largo da praia de Belinho, dois canhões de bronze do século XVI, supostamente pertencentes à embarcação quinhentista cujos destroços deram à costa em 2014, anunciou o município esta terça-feira.
Em comunicado, o município do distrito de Braga diz que a operação de resgaste decorreu na segunda-feira e foi realizada na presença de mergulhadores, na área do naufrágio de Belinho, “após diversos alertas ao Serviço de Património Cultural da autarquia".
“Os trabalhos arqueológicos foram realizados com caráter de emergência, atendendo aos recorrentes alertas e às excecionais condições do mar, nomeadamente a fraca ondulação. Efetivamente, durante os trabalhos de monitorização e de registo, verificou-se que as duas bocas de fogo tinham sido deslocadas, estando totalmente à mercê da natureza e/ou de interesses ilícitos”, acrescenta.
Os canhões foram levados para as instalações do município de Esposende, em tanques construídos para o efeito em 2017.
Agora, segue-se a fase de conservação e de investigação das duas peças, “raras no território português”. “A recuperação deste importante património cultural permitirá a sua investigação de forma mais detalhada e, eventualmente, trazer novas perspetivas sobre o navio de Belinho”, sublinha o comunicado.
Diz ainda que será “mais um elemento de valorização do acervo arqueológico do município de Esposende, com vista à posterior fruição por parte dos cidadãos, reforçando a partilha de informação e do conhecimento”.
A operação de resgaste foi realizada na presença de mergulhadores, na área do naufrágio de Belinho, após diversas alertas ao Serviço de Património Cultural da autarquia.
Prontamente foram alertadas as devidas autoridades e entidades, no caso a Capitania do Porto de Viana do Castelo e a Delegação Marítima de Esposende, para além do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática, que tutela o Património Cultural Subaquático.
Consciente do seu valor e relativo fácil acesso, a equipa de investigação procurou, desde a sua descoberta em abril de 2017, promover a sua salvaguarda, mas até agora “nunca se tinha conseguido reunir a conjugação de fatores naturais” – particularmente a fraca ondulação e boa visibilidade – bem como recursos e equipas.
Na passada segunda-feira, foi realizada uma ação de salvaguarda, dado o risco destas peças de artilharia virem a ser “pilhadas ou roubadas”.
De referir que a Convenção da UNESCO para a Proteção do Património Cultural Subaquático privilegia a preservação “in situ” quando estão reunidas as condições de proteção e de valorização das peças.
Agora, segue-se a fase de conservação e de investigação das duas colubrinas oitavadas de bronze, “raras no território português e que obedecem a um plano rigoroso”.
“Foi a consciência das ameaças a que este património está sujeito, desde a natureza dos fundos subaquáticos, expostos a processos sedimentares extremos e a tempestades, ou a atividades que coloquem em causa a sua integridade física, que esteve sempre subjacente a toda a intervenção de resgate”, refere a Câmara, em comunicado enviado às redações.
A recuperação deste importante Património Cultural permitirá a sua “investigação de forma mais detalhada e, eventualmente, trazer novas perspetivas sobre o navio de Belinho”.
Paralelamente, será mais um “elemento de valorização” do acervo arqueológico do Município de Esposende, com vista à posterior fruição por parte dos cidadãos, reforçando a “partilha de informação e do conhecimento da e com a comunidade”.