INTRODUÇÃO

Pedrinhas e Cedovém são dois Lugares à beira mar, situados entre Ofir e a Apúlia, no concelho de Esposende - PORTUGAL.
Localizam-se num lugar calmo em cima do areal, onde pode almoçar e jantar com uma gastronomia típica local e poder usufruir de uma paisagem natural marítima Atlântica a uma temperatura do Litoral do Sul da Europa. Os caminhos e os percursos de acesso ainda se encontram em areia e criam uma composição que conjuga de forma perfeita entre a topografia e época das construções, o que dá um cunho único ao Lugar. Se estivermos acompanhados com alguém especial, imediatamente nos apaixonamos e nunca mais conseguimos cortar o "cordão umbilical" com este LUGAR cheio de magia e de uma beleza natural única.

História & Arquitetura

Sabe-se que as construções em pedra são muito antigas, as casas ovais, de origem grubehus dos possíveis Ofis, (Ophis), que aqui chamaram Ofiússa (Ophiússa), tendo eles expulsado os Estríminios, povo que aqui vivia anteriormente, sendo estes obrigados a fugir e a refugiarem para os montes, como o monte de São Lourenço.


Os Ofis foram um povo que veio da região germano-checa, da cultura de Hallstatt, migraram para aqui, tendo passado pelos Pirenéus, por volta de 9.000 a.c. 


Os gregos chamavam ao território dos Ofis, na Ibéria de Ofiússa (que significa "Terra das Serpentes de água"). Aqui os Ofis (Sefes) adoravam a cobra de água (lampreia) e tendo-se fixado aqui, na foz do rio Cávado, para a venerar.

Lampreias
Lampreias
A Serpe ou Guivra (serpente de água - lampreia) era o elemento principal da sua religião da tribo Ofis



Os rituais e costumes eram feitos em homenagem a esta Agnatha, que quando um homem aparecia com a marca de uma dentada de Serpe ou Guivra  (serpente de água - lampreia), o resto da tribo via esse individuo com fascínio. A vitima era vista como a escolhida, por aquela que os romanos, com a escola dos gregos lhe chamavam Medusa, destacando-se a escolhida perante a comunidade, como uma pessoa especial.


Os Ofis tinham a cultura Hallstatt, que foi a cultura centro-europeia predominante durante a Idade do Bronze.


Os Ofis viviam nos seus grubehus, construções ovais, (palavra de origem Dinamarquesa, que traduzida para Português "casa da cova") consolidaram-se através de rituais funerários da sua Cultura Hallsttat. Aqui os Ofis encontraram dois elementos base da sua existência. Este Lugar tinha imensas cobras. Animal que os Ofis veneram e tinha salinas, "bem" muito precioso (chamados por alguns como o ouro branco) que os Ofis conheciam muito bem da sua terra natal, em Hallsttat. Tradição com 7.000 anos.
Os Ofis tinham o ritual funerário de cremar os entes que tinham relevo na comunidade e faziam-no com rituais festivos, chegando a arder as suas embarcações com os guerreiros ou pessoas que tinham dados prova de valentia e eram venerados perante o seu povo, podendo estes assim seguir o bom rumo através da sua crença, para que consigam realizar a viagem final para o sucesso do inicio da outra vida.


Estes rituais funerários foram usados por vários povos, tendo-se destacado em 1950 o aparecimento em Lindholm Hoje, em Aalgorg, na Dinamarca pedras em forma oval, que remontam ao século 5.
Mais tarde os Vikings e os normandos durante muitos séculos mantiveram este ritual funerário, em homenagem e numa relação de passagem do presente para os seus antepassados. 

As únicas construções existentes do Ocidente
As casas-barco construídas a partir dos túmulos da idade de bronze




Conjunto de grubehus, barco-de-pedra

As pedras base, alinhadas pelo perímetro oval em forma de ovulo ou útero (forma da criação) deram inicio ao aparecimento das construções ovais, que  são chamados "barcos-de-pedra", barcos para a eternidade que são a prova viva dos antepassados, sendo hoje as casas-barco mais antigas do mundo Ocidental.

Foto tirada do lado do mar para a praia

Lampreia

Fotografia do Antropólogo Etnólogo Jorge Dias - Lugar das Pedrinhas


Proa do barco de madeira


Proa do barco-de-pedra

Da base de pedras que serviram para amparar a embarcação para a manter direita e nivelada, para que ardesse de forma uniforme , ficaram após as cinzas a fazer o perímetro da embarcação e foi desse perímetro que arrancou a construção do abrigo. Eles acreditavam que o seu interior era um espaço sagrado e que os por ali partiram, voltariam para os proteger.


As construções, que de inicio foram embarcações de madeira e estavam espalhadas como um estaleiro naval, começaram a ter um carácter mais permanente, originando a aplicação de tábuas de madeira em redor da embarcação, paus interlaçados. A necessidade de vedar o acesso à embarcação , existindo só uma entrada para se sentirem mais protegidos, com menos homens no local e possibilitar o armazenar utensílios com mais eficácia. Tendo ficado um lugar sagrado, só para os mais sábios que têm a missão de preservar para linha futura.




grubehus, casas barco no meio do sargaço

 As tábuas em redor passaram ao longo do tempo a pedras sobrepostas e a estrutura (oval) da cobertura da embarcação mantinha-se com a proa virada para terra e a popa virada para o mar, posição da entrada da embarcação no areal. De situação de estaleiro naval, passou a abrigo, nascendo os grubehus, através dos barcos-de-pedra. Poderemos também chamar os primeiras casas-barco. A aplicação de lajetas de xisto e/ou colmo por cima do casco da embarcação, foi uma aplicação normal para os conhecimentos construtivos, numa determinada época, pois era a aplicação de cobertura nos castros vizinhos e método conhecido pelos ancestrais locais.




grubehus, barco-de-pedra

As pedras das construções na sua maioria são em xisto. Os Ofis  levantaram as paredes de alvenaria, com essa tipologia de pedra sem as cortar nem as trabalhar, com fragmentos, toscas de diferentes tipos de xistos, tamanhos e formas. As paredes foram erguidas de forma ordinária e aparelhada.

Cabana do Lugar das Pedrinhas

Duzentos anos antes de Cristo (200 a.c.), quando Gaius Iulius Caesar Octavianus Augustus  conseguiu a conquista de Hispânia, depois de morto Viriato e terem sido vencidos os obstáculos houve uma paz entre os Romanos e os Cartagineses. O Povoamento dos Brácaros ou Bracários, agora conquistados pelos Romanos, passou a partir dessa data, a chamar-se Bracara Augusta, tendo ficado a capital da região da Gallaeciaem
A necessidade dos Romanos de obterem uma via de acesso rápido e segura, não só foi importante para a conquista, mas também o passo curto de unir a acessibilidade da navegabilidade no rio e no mar.

 
O rio que está mais próximo de Brácara Augusta é o rio Cávado, rio que os Romanos batizaram rio Celos. 


Na foz do rio Celos a legião Romana montou um entreposto que garantisse a segurança total e rapidez da logística que tratava do transbordo de mercadoria e tropas das embarcações, que navegavam por aguas fluviais e navios que navegavam por águas marítimas. 


Assim nasceu a Povoação Áquas Celenias, onde é o atual Lugar das Pedrinhas, a qual deu um grau de segurança à foz do rio, que deve ter sido a via mais rápida e mais segura, formando-se aqui a via XX, do itinerário de Antonino, (per loca marítima Bracara Asturicam usque).


A povoação Áquas Celenias, nasceu através da formatura militar, Instalaram-se ao lado dos Ofis, adoradores de cobras marítimas (lampreias), montando as suas tendas alinhadas em formatura.


A formatura da Legião Romana, foi feita, entre as construções dos Ofis, mas em zonas estratégias.

Tabernáculo e o Contubérnio

 Mais tarde Tabernacúla assumiu o caráter mais consolidado e permanente, com a sua materialização em pedra.

Realizou-se a passagem de TABERNÁCULO, que é a tenda para unidade militar Contubérnium, para TABERNAQUE que é o espaço entre o travejamento e as telhas da cobertura.


"Fotografia do livro da Arquitectura popular em Portugal"
"Fotografia do livro da Arquitectura popular em Portugal"

As casas-barco, que dantes tinham cobertura em colmo e/ou em lajetas de ardosia, foi substituída agora com a colonização romana por telha canudo de barro, querendo os Ofis, manter a origem das construções ovais, atribuindo-lhes a configuração da cobertura de 3 águas, duas águas de lado, estando as duas unidas e manter-se assim a imagem em "V" ponta da quilha, da proa do casco da embarcação no sentido que quando chegava à praia e a terceira água do lado da popa do casco virado para o mar, onde se encontra a porta de entrada da construção.


Tentativa de construção a imitar o tabernáculo, com cobertura em colmo. 


Fotografia do Antropólogo Etnólogo Jorge Dias - Lugar das Pedrinhas

A arquitetura militar  foi constituída pela reunião da sequência de tabernaques de dimensão estratégia, que albergaria unidades militares. 


"Fotografia do livro da Arquitectura popular em Portugal"
"Fotografia do livro da Arquitectura popular em Portugal"


Petrificaram-se conjuntos de tabernaques,  módulos com 5 ou 4 unidades militares. Cada tabernaque (unidade) tinha função de acolher um Contubernium.


O Contubenium foi a unidade militar do exercito da Legião Romana, mais pequena. Era constituído por 8 legionários e 2 escravos ou serventes (contubernales).

Alojamento dos contubernales (área da retaguarda)

O interior do tabernaque, o alojamento do Contubernium era composto por duas zonas distintas, a área de proa, onde estavam as armas e a área da retaguarda onde estavam os beliches.


Lugar das Pedrinhas que anteriormente era a Povoação de Aquas Celenias, terá sido a 1ª povoação de apoio no litoral a BRACARA AUGUSTA por porto via marítima (via per Loca Marítima).


Aqui havia a passagem da mercadoria, correio e passageiros dos navios, via marítima para as embarcações via fluvial, e vice-versa.


Durante muitos anos anos a Povoação de Aquas Celenas mergulhou na escuridão da história.


Em 1140 sabe-se queo 1º Rei de Portugal, D. Afonso Henriques oferece o Couto da Apúlia (nome atribuído a este lugar pelos Legionários Romanos em homenagem à sua Terra natal em Nápoles, Itália) à Vila de Mende, aos monges do Convento de Tibães, para cristianizar este povo pagão, adoradores de Serpe ou Guivra (cobras de água - lampreias).

grubehus-barco-de-pedra 

Uma povoação vizinha, Fonte-Boa, gente agricultora descobriu que se fizer a apanha no mar e com isso estrumar as suas terras, a colheita melhorava consideravelmente. Assim começaram a apanhar um tipo de caranguejo que tinha barbatanas nas patas e podia nadar, o pilado.

Apanha do Pilado

Rede para a apanha do pilado

Com o depositar da areia e o retirar ao longo dos anos iam aparecendo construções em pedra tanto das ovais como da retangulares que os agricultores ricos de Fonte-Boa iam-se apropriando-se para guardar os utensílios do mar.

Mais tarde, o pilado começou a reduzir e em contrapartida aumentou a quantidade de sargaço que vinha à praia na altura das marés vivas.

Os agricultores de Fonte-Boa e arredores começaram a apanhar o sargaço para estrumarem as suas terras.

Apanhar o sargaço e a espalhar no areal para secar.


sargaço espalhado e ao fundo dois grubehus - barcos-de-pedra

Depois de tantos séculos, ainda no século XX encontramos os apanhadores de sargaço com a branqueta dos Legionários Romanos.

Legionário Romano com a sua branqueta e armadura




sargaceiro com a sua branqueta da farda do legionário romano

Estando o Lugar das Pedrinhas, que se iniciou com o nome Ofiússa, tendo passado para o nome romano Povoação Áquas Celenias, depois por outros nomes, em 1877 estava como património da Casa de Bragança, que curiosamente anteriormente, o Rei de Portugal, D. João I adotou as Serpe ou Guivra, cobras-de-água (lampreia), da tribo dos Ofis, tendo acrescentando asas, orelhas dente no focinho e língua afiada, no Brasão da Casa Real Portuguesa.  

Brasão de Casa de Bragança com duas Guivras

Embora, as construções em pedra, quer sejam as ovais, quer sejam as retangulares já fossem privadas, pois já tinham sido apropriadas pelos locais e tivessem área exterior privada (chamadas camas - zona demarcada), a grande área exterior pertencia à Sereníssima Casa de Bragança, que tinha herdado da Igreja.
Em 1877, os chamados cem Homens Bons de Fonte-Boa e arredores, propuseram comprar o dito areal, onde espalhavam o sargaço e pagavam à Sereníssima Casa de Bragança (Casa Real Portuguesa), por m2 de área, para o fazer.

O Rei concordou na venda e  a Sereníssima Casa de Bragança atribuiu Aforamento e Remissão 

Se não tivesse havido este Aforamento e Remissão, este terrenos pertenceriam à Fundação da Casa de Bragança (Instituição que guarda e gere o Património dos Antigos Reis de Portugal)


140 anos de Aforamento e Remissão
1877 - 1877

Sargaceiro com a branqueta do legionário Romano




Tabernaque do Contubérnio, tendo sido depois guarda utensílios de pesca e apanha do sargaço

Construções que sugiram de  função militar, passam para utilização de atividades Agro-Marítimas.




Tabernaque do Contubérnio, tendo sido guarda utensílios de pesca e apanha do sargaço

Barcos espalhado pela praia

carro com parelha de bois

 1970










Apanha do sargaço




 IMAGENS ATUAIS


barcos-de-pedra
casas-barco

Tabernaque do Contubérnio




Tabernaque do Contubérnio 





Tabernaque do Contubérnio

Areal e tabernaque do Contubérnio


CRONOLOGIA 
DO 
LUGAR DAS PEDRINHAS

GRAMA D'OIRO
Século 4 antes de Cristo

OESTRIMINIS
Século 3 antes de Cristo

 OPHIUSSA
Século 2 antes de Cristo

 BÉTICO
Século 1 antes de Cristo

GALLAECI
ROMANOS
Século de nascimento de Cristo 

 GALLAECI
BARCARA
Século 1 (séc I)

 GALLAECI
PULHA - BRACARA
SEURCI
Século 2 (séc. II)

QUAEQUE FINI PELAGI JACTAT BRACARA DIVES
"junto às praias do mar Bracara orgulha-se da sua prosperidade (ou riqueza)"
Século 3 (séc. III)

BRACARA DO VISIGÓDO
TEODÓRICO II
Século 4 (séc. IV)

REGNUM SUEVORUM
GRAMA OIRO
Século 5 (séc V)

GRAMA OIRO DA PULHA
Século 6 (séc. VI)

GRAMA DÓIRO DA PULHA
Século 7 (séc. VII)

GRAMA DOIRO DA PULHA
Século 8 (séc VIII)

PORTUCALE
GRAMADOIRO
Século 9 (séc. IX)

CONDADO PORTUCALENSE
GRAMADOIRO
Século 10 (séc. X)

PORTUGATELO
GRAMADOIRO DA PUGLIA
Século 11 (séc XI)

GRAMA OIRO
Século 12 (séc. XII)

INQUISIÇÃO
D. AFONSO 2
SANCHO MICHAELLI DE APULIA
GRAMA DOIRO
Século 13 (séc. XIII)

GRAMADOIRO
COUTO DA PULIA
Século 14 (séc. IV)

GRAMADOIRO
COUTO DA PULIA
Século 15 (séc XV)

FRADE
COUTO DA PÚLIA
Século 16 (séc. XVI)

OFIM LUSITANIA
S. MIGUEL COUTO DA PÚGLIA
PAREDES ELPOFENDE
Século 17 (séc. XVII)

PORTUGALLIAE
S. MIGUEL DO COUTO DA APÚGLIA
ESPOZENDE
GRAMADEIRA CABANAS
Século 18 (séc. XIII)

GRAMADOIRO
CAVALOS FOM
CABANA DE PUGLIA
ESPOZENDE
Século 19 (séc XIX)

LUGAR DAS PEDRINHAS
PRAIA NOVA - APÚLIA
ESPOSENDE
Século 20 (séc XX)

PEDRINHAS
APÚLIA - ESPOSENDE
Século 21 (séc. XXI)


FILME DA CRONOLOGIA