INTRODUÇÃO

Pedrinhas e Cedovém são dois Lugares à beira mar, situados entre Ofir e a Apúlia, no concelho de Esposende - PORTUGAL.
Localizam-se num lugar calmo em cima do areal, onde pode almoçar e jantar com uma gastronomia típica local e poder usufruir de uma paisagem natural marítima Atlântica a uma temperatura do Litoral do Sul da Europa. Os caminhos e os percursos de acesso ainda se encontram em areia e criam uma composição que conjuga de forma perfeita entre a topografia e época das construções, o que dá um cunho único ao Lugar. Se estivermos acompanhados com alguém especial, imediatamente nos apaixonamos e nunca mais conseguimos cortar o "cordão umbilical" com este LUGAR cheio de magia e de uma beleza natural única.

2010/11/26

O Presidente da Associação dos Baldios de Apúlia constata - 2º Encontro da Polis Litoral Norte

A intervenção da Polis a realizar versa curiosamente sobre um espaço onde se inserem aqueles moinhos que aparecem na primeira página do 2.º Encontro do Litoral Norte.
Neste espaço de Cedovém e Pedrinhas, existe um património cultural e natural, quer material quer imaterial, que tem a marca indelével da interacção do meio envolvente com as populações que aqui se fixaram, matizada de circunstâncias de natureza histórica, culturais e antropológicas, que traduzem um processo evolutivo e interactivo, no espaço e no tempo.
Na verdade, existe um vasto património cultural e natural, riquíssimo e invulgar, que urge preservar e valorizar, nomeadamente tudo aquilo que se relaciona com a actividade agro-marítima, antiquíssima actividade praticada neste espaço, quer ao nível dos apetrechos e utensílios utilizados (galhapão, graveta, arrastão, carrela, gancha, foicinhão), quer das embarcações onde se destaca o barco denominado “fundo de prato”: trata-se de um tipo de barco utilizado essencialmente para apanha de algas e que apenas existe (ainda restam alguns exemplares) entre Apúlia e Fão, quer ao nível das metodologias, usos e costumes de trabalho (a semarcada, as danças e cantares, a globalidade dos ciclos do sargaço e do pilado, que vai da sua apanha à sua utilização como fertilizantes dos campos agrícolas, denominadamente nas masseiras), bem como dos trajes (a branqueta e o sueste do sargaceiro).
As construções de pedra, em forma de barco, existentes naquele espaço além de servirem de abrigo e arrecadação de barcos e apetrechos de apanha de sargaço e de pesca, por vezes também serviam de residência sazonal a pescadores e sargaceiros.
Recorde-se que a estas construções se refere a escritura de aforamento e remissão do areal baldio de Cedovém e Pedrinhas, datada de 20 de Outubro de 1877.
Estas apresentam-se basicamente sob dois tipos: umas alinhadas em arruamentos rectilíneos, outras com uma forma peculiar, arredondada, que merecem uma menção especial, uma vez que correspondem, tudo o indica, à forma mais antiga ali existente. Estas últimas construções circulares foram pela primeira vez estudadas em profundidade por Jorge Dias, que a elas se refere em vários trabalhos.
Constituem tais construções um padrão cultural local, harmonizando-se com a paisagem envolvente que reconstroem, volvendo-se em património cultural único no país e, segundo cremos, no mundo. Veja-se, a título de mero exemplo, a alusão que a estas construções efectuou o Arquitecto Aldo Rossi, na sua intervenção no Seminário que decorreu em Vila do Conde em 1992, sob o tema “Património edificado e os planos directores municipais”. Nesta intervenção o citado e renomado Arquitecto aludiu a estas construções como exemplares únicos no mundo, pugnando, energicamente, pela sua riqueza cultural e pela importância da sua preservação.
Sobre este espaço escreveu o poeta vianense Pedro Homem de Melo, em 1973, a propósito da revolta da população de Apúlia contra alguns actos de apossamento de terrenos baldios em Cedovém e Pedrinhas, o seguinte:

A P Ú L I A


Ó praia azul, das mãos de El-Rei herdada
Quem te roubar não deu à Pátria ouvidos.
E os filhos dela, em branca revoada,
Exigem os espólios devolvidos.


Nestas paragens há bezerros de oiro
Que, em vão, procuram ébrios, ajoelhados.
O povo, aqui, é principesco e loiro
E guarda o culto dos antepassados.


Apúlia eterna ! Apúlia independente !
Muro a deter toda a invasão secreta.
Não sou ninguém, mas sou alguém que sente
Em vós, Irmãos, minha alma de Poeta.


Deixem-nos, sós, viver livres, ao menos,
Se deram vida (a sua vida !) ao mar.


Ai ! Sargaceiros já não têm terrenos
Onde os seus barcos possam descansar !


PEDRO HOMEM DE MELO
(Junho de 1973)

Quem irá agora escrever sobre o autentico atentado que, tudo o indica, se pretende – a Polis Litoral Norte - efectuar, de forma cega e irreversível, destruindo Cedovém e Pedrinhas, todo um cenário e toda uma vivência ancestral, que marcam a nossa diferença e nos confere a nossa identidade.

Dr. Sérgio Barbosa

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