De um corpo para um vulto,
Entre um e outro suspiro, fingindo,
Num compasso indulto,
Na noite fangueira!
Vou largando a amarra,
Do rebordo de uma pedra,
Ao som da corrente passageira,
O Cávado se medra,
A vida se atenua quase inteira...
Mergulho no imenso dos teus olhos
E imprimo o passo em teus becos e cangostas!
Ó FÃO, adorno- te de páginas tíngidas e rendados folhos,
De sussurros e ecos sem respostas!
Quase a nú e no abismo do silêncio,
Onde o ruído tem mais volts que a força do teu mar,
As palavras são tão poucas e sem essência
Para num soneto ou num verbo teu nome glorificar!
No chafariz da minha vida,
A bica da Fonte do Bom Jesus
Enxagou sempre lágrimas de uma ou outra ferida,
Como o Senhor dos Passos,também carrego a minha cruz!
Só o bravio do teu pinheiro manso
Se vergava numa vénia de importância,
Quando o vento não dava descanso
À tua beleza e à tua fragância!
Só no seio da minha mãe querida,
E no leito do aconchego de seu abraço,
Senti outro tão grande amôr sem medida,
Ó FÃO que te embalo e de mim és um pedaço!
Já não sou espelho
Mas sombra de mim!
Também não sou um velho,
Meu espírito viaja sem fim!
Sou,por enquanto,um traço
Que se esvai na noite cerrada.
Cansado mas ainda a passo
Canto o fado ao toque das cordas da minha guitarra!
E junto à Ponte,no antigo Estaleiro ,
Arrasto-me na ilusão,
De viver a fundo o tempo inteiro
E de te amar eternamente FÃO!
Sérgio do Fôjo
Mónica Cardoso Cardoso
Betânia Cardoso"
15/12/2017
"Sérgio e Fão"
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